Instagram Feed

ubcmusica

No

cias

Notícias

Uma drag faz um bom barulho. Três, então...
Publicado em 19/01/2018

Imagem da notícia

Aretuza Lovi reúne outras duas expoentes da música LGBT, Pabllo Vittar e Gloria Groove, e lança com festa para os fãs e mensagem política seu novo clipe no Rio

Por Kamille Viola, do Rio

Já dizia o famoso meme da internet: "Se juntas causam, imagina juntas". Pois assim, unidas, três das maiores personalidades da música LGBT feita no Brasil hoje, as drags Pabllo Vittar (foto), Aretuza Lovi e Gloria Groove, aparecem na música “Joga Bunda”, que estará no álbum de estreia de Aretuza em uma grande gravadora (ela já tem um disco independente, "PopStar", de 2013) e teve seu videoclipe lançado nesta sexta-feira (19) em evento com a imprensa e fãs no Rio de Janeiro. Obviamente, elas já estão causando: no mesmo dia do lançamento, o clipe tem 400 mil visualizações e já ocupa o segundo lugar da lista "Vídeos em Alta" da plataforma 

Gravado em dezembro no histórico Roxy, no Rio, o clipe se passa mesmo em um cinema e traz Aretuza como a funcionária da bombonière, Pabllo como a atendente da bilheteria e Gloria como a que entrega os óculos 3D. Entediadas, jogam tudo para o alto e acabam se tornando protagonistas de um filme. O vídeo foi dirigido por Felipe Sassi e tem figurinos de Bianca Jahara e direção de arte de Leïlah Accioly.

Lançada em streaming na sexta passada (12), a faixa foi composta por Gloria Groove, Pablo Bispo, Ruxell e Sérgio Santos e fará parte do disco “Mercadinho”, a ser lançado ainda este ano. Com um verso-refrão chiclete e unindo cantoras que têm uma legião de fãs — Pabllo Vittar tem 6,1 milhões de seguidores no Instagram (batendo a drag americana RuPaul, com 1,7 milhão), Gloria tem 204 mil e Aretuza, 172 mil —, tem tudo para ser um sucesso.

“Gente, na moral, se três gays juntas não sabem fazer pop, quem sabe?”, brincou Gloria, levando os presentes às gargalhadas e ganhando muitos aplausos.

VEJA MAIS: Assista ao vídeo:

As drags integravam o elenco do programa “Amor & Sexo”, da Globo. Aretuza e Gloria já haviam gravado uma música e um clipe juntas em 2016: “Catuaba”, que também estará no disco “Mercadinho”. Agora, as três comemoram o encontro que a música proporcionou. “Eu acho extremamente simbólico que a gente possa existir, que a gente possa ter a repercussão e o êxito que tem e poder contar com a força do nosso público, mesmo vivendo no país que mais mata LGBTs no mundo”, analisou Gloria Groove.

Elas comentaram também o fato de que, muitas vezes, a rejeição a seus trabalhos nada mais é do que puro preconceito. “Porque existe a crítica construtiva e existe aquela em que as pessoas te atacam gratuitamente. Às vezes não conhecem o seu trabalho, não sabem da sua verdade, do que você passou para estar ali. Então é muito fácil você apontar, o difícil é você estar ali, todos os dias, com a sua bandeira armada. Pelo simples fato de ser homossexual no Brasil e sair na rua você já sofre preconceito, já é atacado”, desabafou Aretuza.

VEJA MAIS: Um "Boomerang" das três drags exclusivo para o Instagram da UBC

Também garantiram não sentir necessidade de investir em canções com mensagens politizadas. “Eu amo a música que eu faço, acho que essa é a Pabllo Vittar que vocês conhecem e da qual vocês aprenderam a gostar. Acho que a minha posição politica já é uma drag, num palco, cantando para milhões de pessoas, como a Gloria falou, no país que mais mata LGBTs... Nos já somos, politicamente”, resumiu Pabllo.

Mesmo assim, Aretuza Lovi afirmou que sua atual faixa de trabalho tem uma pegada de conscientização também. “Jogar a bunda é uma atitude, você pode jogar a bunda na cara do preconceito. Essa música fala de empoderamento também, você não precisa de ninguém que não te agregue para ser feliz. Eu falo para você jogar a bunda nas pessoas que fazem mal, nas coisas que não te acrescentam, no preconceito”, explicou a cantora.

"Eu acho extremamente simbólico que a gente possa existir, que a gente possa ter a repercussão e o êxito que tem, mesmo vivendo no país que mais mata LGBTs no mundo."

Gloria Groove

Apesar de ainda sofrerem com a homofobia, elas comemoram a evolução no olhar sobre o trabalho artístico das drags no país. “Há dez anos, quando você imaginaria, no Brasil, que teria a música de uma drag queen entre as mais tocadas do mundo, gravando com outros artistas do meio dito tradicional, tocando em rádio, assinando com gravadora?”, disse Aretuza, referindo-se ao sucesso de Pabllo Vittar. Gloria Groove fez coro: “Para nós, do meio LGBT, é incrível ver uma artista que é uma drag queen alcançando tudo que ela está alcançando”, emendou.

Para encerrar, as três comentaram com esperança o sucesso que fazem com o público infantil. “Eu amo muito meus fãs crianças, eu amo muito quando as mamães e os papais os levam em shows, e eles vão com faixa, boné, vão montadinhos de Pabllo Vittar. Eu fico muito feliz, porque enxergo um mundo melhor”, resumiu.

 


 

 



Voltar