Saiba como elaborar, sem excessos ou carências, um material certeiro na hora de divulgar seu material para a imprensa
Por Bruno Albertim, do Recife
Antes do disco, há a pauta. Ou melhor, antes de a resenha do disco ser publicada no jornal, no site ou na revista, há um press release, um comunicado à imprensa. Se as grandes gravadoras têm sempre o respaldo de uma assessoria de comunicação especializada, muitos independentes – no afã de poupar ou, simplesmente, de ter maior controle sobre suas próprias estratégias de divulgação – trazem para si a responsabilidade de produzir esse material. Seja este o seu caso – ou, mesmo que não for, mas seja você um artista preocupado em participar de tudo relacionado à carreira –, aí vão algumas dicas que reunimos ouvindo especialistas em comunicação na área musical. A ideia é ajudá-lo(la) a construir o press kit (ou kit de imprensa) perfeito e, desta forma, ter mais chances de chamar atenção num mar de produção e divulgação sempre tão revolto.
Para além do texto que conta a história da obra em questão – e, frequentemente, de fotos e vídeos relacionados ao álbum, além das próprias músicas para audição –, é cada vez mais comum a inserção de objetos mil no kit. Pode ser contraproducente. É que não adianta fazer como muita gente nos últimos tempos e rechear o pacote de mimos, como canecas ou camisetas, se o básico não estiver bem feito. Lição elementar: evite a gordura textual. “Releases cheios de adjetivos que enaltecem o artista sem dizer nada com nada atrapalham mais do que ajudam”, sintetiza a assessora de comunicação especializada em artistas Cristiane Batista, que já trabalhou em algumas das principais casas de shows de São Paulo e, com seus releases, levou muita gente, brazuca ou gringa, para gravar entrevistas em programas de TV de todo naipe.
Um ponto fundamental é trazer a descrição mais adequada possível da musicalidade e de como as canções foram construídas. Sem excessos ou economia demasiada. O objetivo de um press kit é, afinal, fazer com que o disco que chega à redação seja ouvido. E, se possível, com boa expectativa.
Vale também, como se faz nos cartazes de cinema, reunir algumas frases pinçadas de críticas publicadas anteriormente. Ou até reunir alguns depoimentos de artistas amigos ou conhecidos a respeito. Foi o que fez o cantor e compositor caruaruense Almério Feitosa, prestes a estrear uma pequena turnê nacional depois de ter seu segundo disco patrocinado pelo Natura Musical. Para ganhar o edital da empresa que viabiliza a produção do álbum e a turnê, Almério precisou agir como um estrategista para além da comunicação jornalística. Além de confeccionar os próprios releases, recrutou o máximo de gente possível para se engajar na votação popular do certame digital.
“Alceu Valença deu um depoimento superempolgante e bonito. Também promovi ensaios abertos, shows nos espaços, cafés e bares onde tivesse uma boa internet, para as pessoas votarem enquanto eu cantava. Não tinha como ter sido de outra forma, foi muito amor envolvido.”
Formalidades que ajudam
O enviado à imprensa deve estar compactado em pen drive com pastas separadas em release, arquivo de fotos, de vídeo e de áudio, além de uma embalagem com arte bem feita e atrativa também para apresentar o produto. Sim, áudio e vídeo: mesmo os veículos mais tradicionalistas possuem plataformas digitais nas quais as matérias ganham sempre mais visibilidade se acompanhadas de material audiovisual.
Batizar adequadamente é fundamental. “O press kit faz parte do planejamento da obra, como o título de um livro, por exemplo, que pode até decepcionar em seu conteúdo, mas tem títulos que vendem livros como água”, diz o produtor independente Maurício Backer Spinelli, responsável pela divulgação de nomes como a sambista Karynna Spinelli, sua irmã, e do cantor pop Romero Ferro, atualmente em turnê pelo país com seu disco de estreia, “Arsênico”.