Sueco assume a organização que reúne mais de 230 sociedades de autores do mundo no meio da mais grave crise do setor musical em décadas, e promete mais igualdade de gênero e tecnologia para melhorar a arrecadação
Do Rio
Foto de TT News Agency, Zap PR
Numa reunião virtual celebrada na quinta-feira (28), Björn Ulvaeus foi escolhido presidente da Cisac, a Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores, maior rede mundial de criadores. Ao lado de Benny Andersson, outro cofundador do grupo ABBA, Ulvaeus é um dos mais prolíficos compositores do pop em todos os tempos, com mais de 150 hits ao longo de décadas de carreira. Também historicamente associado à defesa do direito autoral, o sueco assume o mais alto cargo representativo da Cisac em meio à mais grave crise do setor musical — e cultural em geral — nos últimos anos.
Como presidente da Cisac eleito para um mandato de três anos, Ulvaeus apoiará o trabalho da Cisac para garantir aos autores uma melhor proteção aos seus direitos, maior arrecadação e melhores condições de contratos e pagamentos não só na música, mas também nos outros quatro repertórios que a Cisac representa: audiovisual, dramático, literário e de artes visuais.
A Cisac representa mais de 230 sociedades de autores em mais de 120 países. Como mostramos esta semana aqui no site da UBC, a entidade informou ter arrecadado, em seu último relatório de arrecadação, mais de € 9,6 bilhões de euros em direitos de autor.
Em entrevista à BBC News, nesta sexta-feira (29), Ulvaeus afirmou que sua ambição é “usar a tecnologia para assegurar que os criadores sejam remunerados pelo uso de suas obras de uma forma mais eficaz e acurada”. Outra das linhas de ação do compositor será trabalhar pela igualdade de gênero, criando mecanismos e mais oportunidades para que mulheres de todo o mundo se tornem letristas e compositoras.
“Queremos tornar a Cisac, uma organização com quase 240 sociedades de autores, ainda mais eficiente, criando ferramentas tecnológicas no âmbito da nuvem, de modo que todas as sociedades ao redor do mundo possam usar. Assim, queremos assegurar que todos recebam os justos valores pelo uso das suas obras”, afirmou.
Ele exortou os governos mundiais a proteger as indústrias criativas neste momento de pré-depressão econômica, já que elas poderiam ser um grande motor para a recuperação pós-epidemia. “O setor cultural é ultravulnerável. O setor ao vivo, de eventos e shows, sofreu uma quase completa paralisação. Os teatros e cinemas devem abrir ano que vem. Minha mensagem é: a cultura é tão importante para as pessoas. Vale a pena apoiá-la.”
O diretor-geral da Cisac, o israelense Gadi Oron, celebrou a eleição do sueco. “Estou encantado por ele ter aceitado o cargo e que se una a nós nesta missão de servir aos criadores no mundo todo. Björn tem uma trajetória extraordinária como autor, como defensor dos direitos autorais e como especialista em mecanismos que garantam uma justa remuneração. Essas qualidades serão muito valiosas para seu trabalho na Cisac. Nos alegraremos muito de colaborar com ele.”
Na reunião, também foram eleitos, como vice-presidentes, Yvonne Chaka Chaka e Arturo Márquez. O presidente Ulvaeus substitui o francês Jean-Michel Jarre, que esteve à frente da Cisac nos últimos sete anos, período em que a Cisac viveu uma notável expansão, alcançando valores recordes de arrecadação e distribuição de direitos autorais. Jarre se tornou presidente honorável da entidade.
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