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Musical ou fonográfico? Entenda as diferenças entre os produtores
Publicado em 16/08/2017

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Em selos menores, as funções se misturam, mas não no mercado tradicional, por isso a gente explica como atua cada um desses fundamentais elos da indústria musical

Por Kamille Viola, do Rio

Os nomes são parecidos, mas os significados... Quanta diferença! O produtor fonográfico e o produtor musical são essenciais para a realização de uma gravação — seja uma música ou um álbum inteiro —, mas muita gente ainda não sabe muito bem distinguir as duas funções.

Traduzindo de um modo simples, é como se o produtor fonográfico fosse o que, no cinema, é o produtor, ao passo que o produtor musical seria o diretor. Ou seja, o primeiro é o nome que assina tudo, se responsabiliza por tudo (prejuízos, lucros, investimentos), enquanto este último coordena as equipes artísticas, da pré-produção, à gravação e à mixagem e masterização. Em uma grande gravadora, o produtor musical trabalha diretamente com um engenheiro ou técnico de som, que buscará viabilizar as ideias do projeto em termos técnicos. 

“O produtor musical tem como missão tornar aquela gravação o que foi imaginado na hora em que o intérprete entrou no estúdio para gravar. É o grande curador, pensa nas alternativas para tirar dos músicos que estão no estúdio o necessário para que o resultado final esteja de acordo com o que foi desejado. Em geral, tem característica artística forte, grande conhecimento de música, sensibilidade artística musical suficiente para fazer a diferença em favor do intérprete, dos músicos e da gravadora que o contratou”, enumera o advogado Sydney Sanches, assessor jurídico da União Brasileira de Compositores (UBC) e presidente da Comissão de Direitos Autorais e Entretenimento da OAB/RJ.

Ele dá como exemplo o produtor Liminha, associado da UBC que é um dos principais produtores musicais do país, tendo trabalhado com artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Jorge Ben Jor, Paralamas do Sucesso e muitos outros. “Muitos dos grandes nomes passaram por ele. Tê-lo como produtor valoriza o trabalho final do intérprete”, diz.

"Um é o cérebro e o outro o maestro da etapa da criação"

Sydney Sanches, advogado

Já o produtor fonográfico é o responsável maior por toda a gravação que será lançada, exatamente como o produtor executivo no cinema, como já dissemos. “Ele é o investidor, que assume os riscos do investimento, responsável pelo processo de divulgação, aquele que oferece a distribuição. É o profissional que oferta ao conhecimento público aquela gravação sonora”, descreve o advogado. Em resumo, é o nome que representa a gravadora ou o selo.

Sydney explica que, atualmente, como é cada vez mais fácil fazer tudo no processo de uma gravação, é possível que produtor artístico e fonográfico se confundam — e isso acontece principalmente no mercado independente ou nos selos menores. Porém, nas estruturas tradicionais, normalmente o produtor fonográfico é quem contrata o produtor musical. “Ele diz: 'Vou botar a Ana Carolina com um cara ótimo, que vai ajudar a alavancar ainda mais a capacidade que ela tem de dialogar como artista'”, exemplifica.
Ou seja, o produtor fonográfico tem uma atividade mais voltada para o lado empresarial. Se, por algum motivo, não der certo, a responsabilidade é dele. “Ele vai arcar com o ônus e os bônus de um empreendimento”, resume Sydney. 

No mundo da música independente, o próprio artista (intérprete, compositor) tem uma ingerência muito maior em todas as etapas da gravação e, muitas vezes, até da distribuição. Ou seja, não é raro que o artista seja o produtor fonográfico e contrate um produtor musical. Ou, ainda, como também já dissemos, que contrate um mesmo profissional para cuidar de tudo. O que parece ser consenso, mesmo em tempos de elevado do it yourself, é que os dois trabalhos exigem conhecimento, dedicação e muito feeling, o que torna a aventura de fazer tudo sozinho muito trabalhosa. 

“Os dois atuam muito juntos. Um é o cérebro e o outro o maestro da etapa da criação, participando de um momento importantíssimo e, muitas vezes, mágico da produção”, finaliza Sydney.

Direitos Autorais
Para fins de recebimento de direitos autorais de execução pública, o produtor fonográfico recebe um percentual de 41,7% da distribuição dos valores destinados à parte da gravação musical. Ele também é o responsável pelo registro da gravação junto à UBC, através do software SISRC fornecido gratuitamente. Saiba mais.
 


 

 



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