Prestes a completar 80 anos de vida e 60 de carreira, cantor e compositor se despede dos palcos a partir de junho
Do Rio
Foto de Marcos Hermes/divulgação
Começa nesta quarta (18) a venda dos ingressos para a última turnê da carreira de Milton Nascimento. O cantor e compositor, que completará 80 anos em outubro, confirmou esta semana sua retirada dos palcos, antecipada no final do ano passado e noticiada pela Revista UBC #50, de novembro de 2021, quando até mesmo o nome da turnê — "A Última Sessão de Música" — já se havia dado a conhecer. A série de shows terá início em 11 de junho, no Rio de Janeiro, onde Milton ainda se apresentará em 6 e 7 de agosto. São Paulo (dias 26 e 27 de agosto) e Belo Horizonte (13 de novembro, data do encerramento do giro) também têm entradas à venda. Outras paradas incluem países da Europa e também os Estados Unidos.
A entrada para o show de estreia, no Rio, está disponível de uma maneira diferente: em vez de ingressos em si, os fãs devem adquirir NFTs com o desenho da capa do LP "Geraes", de 1976, e uma assinatura de Milton. As vendas diretas já terminaram, com os 400 NFTs para o show da Cidade das Artes esgotados em algumas horas, mas é possível negociá-los com quem já os adquiriu em dois "mercados livres" (também chamados de OpenSea, ou mar aberto) dedicados a esses certificados digitais colecionáveis e recomendados pela própria página oficial do show: ETH e Solana.
Para as demais apresentações, em arenas para milhares de pessoas, o formato da venda é o tradicional.
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O artista, Prêmio UBC pelo conjunto da sua obra em 2019, parece ter planejado detalhadamente a despedida dos palcos (ao menos num grande formato de turnês) — e ainda teve, recentemente, uma surpresa que é uma espécie de cereja do bolo. O disco "Clube da Esquina", parceria dele com Lô Borges, foi eleito por um júri de mais de cem jornalistas e críticos especializados o melhor álbum brasileiro de todos os tempos. "Notícia que alegra muito nossos corações", como descreveu o astro no seu perfil do Instagram, a eleição é só uma antecipação do livro "Os 500 melhores álbuns brasileiros de todos os tempos", organizado pela equipe do podcast Discoteca Básica e que será lançado após conseguir captar os valores necessários para sua finalização por meio de financiamento coletivo.
Também através das redes sociais, Milton comentou a ideia por trás de "A Última Sessão de Música":
"Eu jamais poderia encerrar essa parte da minha vida de tantos anos na estrada sem homenagear aqueles que me acompanham esse tempo todo: os fãs. E essa turnê foi pensada especialmente pra vocês! A gente quer proporcionar uma experiência única e emocionante, do começo ao fim.”
Para deixar claro que não se trata de uma aposentadoria, o cantor e compositor de quase 60 anos de carreira, centenas de prêmios e reconhecimento em todo o mundo — além do título de doutor honoris causa pelo Berklee College of Music, prestigioso centro de estudos musicais dos Estados Unidos — afirmou:
"A Última Sessão de Música é a turnê que vai marcar minha despedida dos palcos. Da música, jamais."
De fato, a mágica e constante renovação da sua criação, a proximidade com jovens compositores e músicos, a alegria e a capacidade de maravilhar-se com a música, como um eterno menino, se mantêm. Esses traços já haviam sido decodificados há quase 10 anos, quando a Revista UBC #12 fez uma homenagem a Milton nos seus 70 anos de vida, 50 de carreira, 40 do lançamento de "Clube da Esquina" e 20 de filiação à nossa associação. Naquela edição, amigos e parceiros como Chico Amaral, Paulo Jobim e Fernando Brant falaram sobre a conexão indissociável entre o Milton adulto e o seu eu criança — uma indicação clara de que a paixão que liga à música o grande cantor e compositor nascido no Rio de Janeiro, mas criado em Três Pontas (MG) e mineiro de coração, está mesmo longe do fim.
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