Produção fonográfica e audiovisual responde por boa parte da receita da comunidade católica
De São Paulo
O cantor Pitter Di Laura, membro da Canção Nova, durante o show 'Revolução Jesus', realizado na comunidade. Foto de Bruno Marques
A meses de completar 45 anos de existência, a Canção Nova, uma das principais comunidades católicas do Brasil, aposta forte na música como um vetor de crescimento da sua ampla produção cultural — responsável por uma parte significativa das suas receitas. Com cerca de 1.700 canções compostas e gravadas por seus compositores na Gravadora Canção Nova, além de uma linha de montagem artística da qual saem filmes, séries, programas de TV e outros produtos audiovisuais, a comunidade oferece boas oportunidades para músicos e criadores, diretamente ligados ou não a ela.
"Trabalhamos preferencialmente com as composições dos missionários da comunidade Canção Nova, mas também fazemos trabalhos com cantores católicos que são próximos", diz Gabriel Leite, gerente da gravadora. "A Canção Nova sempre foi um importante agregador da música católica. Grandes sucessos nasciam através da Rádio, da TV e dos eventos da Canção Nova. Hoje, devido ao advento das plataformas de streaming e conteúdos digitais, isso mudou um pouco, mas podemos com toda a certeza dizer que a Canção Nova é a casa do músico católico."
Artistas participam da gravação do disco "Oracional" na gravadora Canção Nova. Foto de Daniel Mafra
Nas redes sociais da comunidade, como Instagram e LinkedIn, é possível ver mensagens abertas de pessoas interessadas em vagas ou oferecendo seus materiais. Mais de 2,8 milhões seguem a Canção Nova somente nas redes da sede da comunidade — com outros milhares de fãs em diversos perfis regionais —, o que dá uma ideia tanto da sua força como da repercussão que seus conteúdos alcançam. De fato, os usos das canções compostas pelo time de criadores da comunidade foram se multiplicando tanto nos últimos anos que a direção sentiu a necessidade de criar também uma editora musical própria:
"Nós editamos todas as obras musicais da Comunidade Canção Nova e da Fundação João Paulo II, exceto as primeiras obras, de autoria do fundador da Comunidade, Monsenhor Jonas, que foram lançadas pelas Edições Paulinas. Recebemos muitos pedidos de uso, para variados projetos. Cada liberação de uso é avaliada em sua particularidade", conta o gerente da gravadora. "Normalmente, o interessado nos envia um e-mail apresentando seu desejo de uso de uma de nossas obras musicais, apontando em que tipo de trabalho será usada (CD, DVD, single, playback, trilha de filme). Aponta também em que meios será disponibilizada a obra — se no digital, em quais plataformas; se no físico, qual a tiragem — e, tendo isso em conta, fazemos acordos específicos."
Leite diz que os direitos autorais — execução pública entre eles — são uma parcela considerável dos rendimentos da gravadora. E que a música, como parte fundamental dos produtos audiovisuais, permeia todas as atividades da TV e da produtora de filmes e séries da Canção Nova:
"Temos um departamento de Dramaturgia na TV Canção Nova. Recentemente, para comemorar os 20 anos do evento Festa da Misericórdia, foi lançado o filme 'Santa Faustina', que em 27 de abril alcançou 300 mil visualizações. Na Gravadora Canção Nova, além do fonográfico, produzimos todo material audiovisual como lyric videos e clipes musicais. Outro trabalho realizado na Canção Nova é a escola de música, que tem a missão de aperfeiçoar os talentos dos cantores e instrumentistas de nossa comunidade. Enfim, a música faz parte da identidade da Canção Nova."
Como tal, ela não faltará no evento que está sendo organizado para comemorar o aniversário de 45 anos de fundação da comunidade, em 2 de fevereiro de 2023. A festa, que previsivelmente contará com shows e atividades culturais e artísticas, será em Cachoeira Paulista, no Vale do Paraíba, sede da Canção Nova.
Ali, um complexo de mais de 370 mil metros quadrados recebe missas e eventos multitudinários, conta com estúdios musicais e audiovisuais, além da rádio e da TV que transmitem sua programação para diversos países. Segundo a prefeitura da cidade paulista, até 2019 mais de um milhão de peregrinos visitavam as instalações da Canção Nova a cada ano. Com a pandemia dando sinais de que realmente se aproxima do fim, e a crescente repercussão da produção da Canção Nova, não há razão para acreditar que esse número não crescerá ainda mais.
Parte do enorme complexo de mais de 370 mil metros quadrados, sede da Canção Nova no interior paulista. Foto: divulgação
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