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Geraldo Azevedo e Chico César fazem juntos a turnê 'Violivoz'
Publicado em 03/12/2021

Com pontos de contato variados e diferenças que complementam seus trabalhos, os dois exaltam a nordestinidade no projeto

Por Fabiane Pereira, do Rio

Foto de Marcos Hermes

Uma turnê que nasce da admiração. Da admiração mútua entre dois grandes artistas da música popular brasileira. Dois titãs da música nordestina, Geraldo Azevedo e Chico César, estão rodando o país com o show "Violivoz", que tem lotado os palcos por onde passa — como o do carioca Circo Voador, neste fim de semana, já com ingressos esgotados há vários dias.

Admiração mútua nem sempre implica coincidência estética total. No caso desta dupla há muitas "inclinações musicais", e o repertório do show prova isso. "As canções escolhidas são aquelas nas quais a gente pode brincar com o instrumento", diz Chico César. “O critério de escolha foi o afeto e a facilidade que cada um de nós teve para entrar na alma da canção do outro”, explica o paraibano. “Cada um escolheu músicas do outro que o inspiravam. Obviamente, nem todas as músicas que admiramos entraram no repertório. É possível que, com o passar do tempo, a gente vá tirando e colocando novas canções no show”, completa Geraldo. 

O caldo cultural em que ambos cresceram, apesar da diferença de idade, também é responsável por este encontro. Começa pelo ouvido afinado com a música de rua, sertaneja (ou seja, do sertão) – Geraldo na pernambucana Petrolina, Chico na paraibana Catolé do Rocha. Um regionalismo (passando necessariamente por Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro) que não precisa ser exibido, ambos já trazem entranhado na composição e no canto.

“A música de Geraldo está presente na minha vida desde a minha adolescência. Desde o primeiro disco que ele gravou junto com Alceu Valença. A música, o violão, a delicadeza da voz, o jeito como ele apresenta as canções, tudo isso me influencia há muito tempo diretamente e me fez desejar ser um artista que sai de uma cidade no interior do Nordeste para tocar no mundo”, conta Chico.

Se Chico conheceu o trabalho de Geraldo ainda adolescente, Geraldo conheceu a musicalidade de Chico através de Carlos Bezerra, o “Totonho”, paraibano famoso pelo trabalho musical “Totonho e os Cabras”. Totonho era, tal como Chico César, uma "cria" do grupo de música de vanguarda paraibano Jaguaribe Carne, liderado em João Pessoa por Pedro Osmar e Paulo Ró.  Os dois, Chico e Geraldo, tinham canções num projeto que não chegou a ser gravado, mas Geraldo, ao escutar as músicas de Chico, pediu que ele viesse gravar o violão.

"Quando algum tempo depois foi lançado 'Aos Vivos'", diz Geraldo, "Pra mim foi uma revelação. Além das composições em si, o violão de Chico César buscava outros caminhos, com um estilo muito pessoal, que só ele seria capaz. Virei divulgado...Comprei duas caixas de CDs e saí distribuindo para as pessoas, dizendo para elas: Dá uma escutada nisso aqui, e depois me fala", relembra o pernambucano.

Talvez o principal ponto de interseção do trabalho de Chico e Geraldo seja o violão, mas a arte de ambos caminha lado a lado. “Elas se encontram e se somam. Temos as mesmas origens, bebemos das mesmas fontes. A nossa maneira de tocar traz um acento nordestino, que se impõe para além do sotaque da voz”, comenta Geraldo. 

Mas a verdade é que nem a geração de Geraldo nem a de Chico passaram incólumes pelo baião, pelo coco, pela Bossa Nova, pela Tropicália, a Jovem Guarda, o rock internacional, os ritmos latinos e caribenhos. Daí um repertório repleto de clássicos que agradam a todos os gostos. "Bicho de 7 Cabeças", "Meu Pião", "Mama África", "Dia Branco", "À Primeira Vista", "Menina do Lido", todas fazem parte do show.

Dos primeiros artistas a anunciarem uma longa turnê pelo Brasil neste contexto de retomada, Chico acredita que os encontros pós-pandêmicos têm sido mais intensos. “A pandemia me trouxe mais introspecção, tranquilidade de estar sozinho e uma valorização da presença do outro. Então hoje em dia, quando estou na presença do outro, eu valorizo mais e faço mais questão de me fazer presente”. Sorte do público que vem lotando os palcos por onde eles passam.

A turnê "Violivoz" estreou no mês de outubro em Recife e já passou por Natal, Aracaju, Maceió e Porto Alegre. Depois do Rio, a dupla viaja para Salvador, João Pessoa, Fortaleza, Trancoso, Ilheus, Porto Seguro, Belo Horizonte e Belém. Os shows atenderão às medidas de segurança estabelecidas pelos respectivos governos locais, conforme o caso, e seguirão os protocolos em vigor na data de sua realização.

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