Estudo mostra as preferências musicais dos brasileiros, as transformações do mercado e as conquistas da gestão coletiva desde 2011
Do Rio
Os últimos dez anos movimentaram a indústria musical como nunca visto antes. O fomento nos investimentos em tecnologia, as novas formas de consumo e a pandemia do novo coronavírus marcaram profundamente o mundo da música. Com o objetivo de mensurar as transformações ocorridas neste período, o Ecad lança mais uma edição do relatório “O que o Brasil ouve".
O levantamento mostra conquistas históricas e mudanças significativas nas preferências musicais dos brasileiros neste período, com direito a rankings comparativos com as músicas mais tocadas nos segmentos de Rádio e Show.
"Com a consolidação do direito autoral conseguido através de muitas batalhas no judiciário e com a conscientização da classe política de que o direito do autor tem que ser respeitado, foi pavimentada a estrada para que a UBC, o ECAD e as demais associações pudessem desenvolver um trabalho sério de gestão para que pudéssemos entregar aos titulares um serviço de qualidade com o objetivo de remunerar de forma cada vez mais justa os detentores de direitos autorais no Brasil., disse Fábio Geovane, gerente de operações da UBC.
Em 2011, o Ecadtec CIA Rádio (software que automatiza a captação, gravação e identificação de músicas executadas pelas emissoras de rádio) foi desenvolvido pelo Ecad e deu início à uma nova era para as associações de gestão coletiva. Além disso, o sertanejo já ganhava destaque no segmento, com sete canções no top das 20 mais tocadas.
Os dois anos seguintes foram marcados por novos avanços para o setor com a criação do segmento Movimento Tradicionalista Gaúcho, que remunera as músicas tocadas nos Centros de Tradições Gaúcha; com a promulgação da Lei 12.853, que alterou a Lei 9610/98 para reorganizar a gestão coletiva e garantiu ainda mais transparência; e com certificação do Ibope para a metodologia de amostragem aplicada pelo Ecad na captação das execuções musicais nos segmentos que representam quase a totalidade dos que envolvem processos amostrais no Ecad (Carnaval e Festas de Fim de Ano, Casas de Festas e Diversão, Festa Junina, Música ao Vivo, Rádio e Sonorização Ambiental).
O desenvolvimento do Ecadtec CIA Audiovisual (software que automatiza a captação, gravação e identificação de músicas executadas pelas emissoras de televisão brasileiras) e a criação do segmento Sonorização Ambiental (que distribui os valores arrecadados de locais como shoppings e estabelecimentos comerciais) foram conquistados em 2014 e garantiram uma distribuição ainda mais precisa.
2019 já apontava um cenário animador para a música nacional: das 20 primeiras posições das músicas mais tocadas em shows e eventos, todas eram nacionais. Além dos sucessos do momento, os clássicos populares também já garantiam seu lugar de destaque.
O último ano incluso no levantamento mostra as batalhas árduas que foram travadas durante a pandemia da Covid-19. Para auxiliar o setor musical, foi criado o plano emergencial de apoio financeiro, que ofereceu um adiantamento extraordinário de R$ 14 milhões, distribuídos entre abril e junho de 2020, e beneficiou quase 22 mil compositores, intérpretes e músicos. Além disso, diversos créditos retidos foram liberados, o que gerou um aporte de R$ 170 milhões na distribuição.
A UBC também lançou o projeto “Juntos Pela Música”, fundo que arrecadou mais de R$ 1,7 milhão através de crowdfunding e ajudou mais de 1.070 famílias durante quatro meses no ano de 2020. A campanha realizada contou com o apoio do Spotify que, com o seu programa global Covid-19 Music Relief, dobrou as doações recebidas.
Mas, mesmo com todas as dificuldades de 2020, comparado ao ano de 2011, o panorama é positivo. Nos últimos dez anos, houve um crescimento de 130% nos valores distribuídos em direitos autorais e um aumento de 183,9% no número de compositores, intérpretes, músicos e demais associados.
O segmento de Serviços Digitais também ganhou destaque ao representar 20% dos valores arrecadados pelo Ecad. Na primeira distribuição de direitos autorais no segmento de streaming (2016), o valor representava apenas 0,67% do total distribuído. Já a primeira distribuição direta de direitos autorais das plataformas digitais Globoplay e GShow foi um marco para a gestão coletiva, em 2020. O processamento desta primeira distribuição foi o de maior volume de registros gerados em toda a história do Ecad.
Para Fábio Geovane, “a tecnologia tem um papel fundamental para que possamos tratar os dados na era do uso de música por streaming e também para que possamos mostrar estas informações de forma mais acessível para os titulares. E nesse sentido, tanto a UBC quanto o ECAD vem trabalhando e investindo em tecnologia para que a gente continue crescendo.”
Confira o relatório completo clicando aqui.
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