Dados revelam a proporção dos efeitos negativos da Covid-19 na arrecadação e distribuição de direitos autorais, mas mostram uma tendência otimista para 2022
Do Rio
O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição lançou recentemente um novo estudo da série “O que o Brasil ouve”. Com o objetivo de mostrar o impacto da pandemia no segmento de shows e eventos — um dos primeiros que foi obrigado a parar e um dos últimos que irá retornar à normalidade — o relatório apresenta um recorte do período pré-pandemia até o cenário no primeiro semestre deste ano e revela os efeitos da Covid-19 na arrecadação e distribuição de direitos autorais de compositores e artistas.
Oficializada em março de 2020, a pandemia obrigou a paralisação de inúmeros setores. O pagamento de direitos autorais pelo uso de música executada publicamente foi afetado de modo direto e, por consequência, compositores, intérpretes, músicos e demais titulares ficaram sem uma importante fonte de renda. Mesmo com iniciativas feitas pela gestão coletiva para tentar reduzir os danos impostos à classe, como o fundo Juntos Pela Música, a interrupção dos shows somada à inadimplência (cerca de 16% dos eventos realizados em 2020 ficaram inadimplentes) intensificou a queda nos repasses para os titulares.
Segundo o Ecad, em 2020, a gestão coletiva distribuiu R$ 24 milhões em direitos autorais para mais de 14 mil compositores e demais artistas pelas músicas tocadas durante o carnaval. Este dado mostra que o mercado havia crescido 12,5% em relação a 2019. Mas, com o decreto da pandemia e da quarentena, a quantidade de shows e eventos realizados no país teve uma queda de mais de 80%.
Mesmo com o “boom” das lives, os rendimentos gerados no digital para os artistas ainda são pequenos quando comparados com segmentos tradicionalmente mais rentáveis, como o de shows e eventos. A pesquisa aponta que de janeiro a junho deste ano, foram distribuídos R$ 399 milhões para 185 mil titulares de direitos autorais, o que representa uma queda de 19% em comparação ao mesmo período do ano passado. O segmento Show segue sendo o mais impactado: em comparação com o primeiro semestre de 2020, a redução foi de mais de 75% no valor do repasse.
Apesar do cenário ainda preocupante, o mercado de eventos presenciais começa a se movimentar no Brasil, mesmo com as restrições e os protocolos ainda impostos pela pandemia do coronavírus. A confirmação de grandes festivais em 2020, como Rock in Rio e Lollapalooza, trazem esperanças de dias melhores.
“O segmento de Shows e Eventos é muito importante para os compositores e artistas no Brasil. Esse foi um dos segmentos que mais sofreu e é o que mais depende do avanço da vacinação e da imunização da população porque promove eventos e atividades que reúnem as pessoas e a música. A expectativa de todos na indústria da música é que haja segurança para a volta dos shows e a retomada do setor”, afirma Isabel Amorim, superintendente executiva do Ecad.
Clique aqui para conferir a íntegra do relatório "O que o Brasil ouve".
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