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Em meio à pandemia, associados da UBC investem na docência
Publicado em 21/06/2021

Seja pela queda nos rendimentos, seja pelo desejo de compartilhar conhecimento e ajudar outros profissionais a se requalificarem, compositores e músicos como Carlinhos Brown, Marcelo D2 e vários outros oferecem cursos online

Por Isaque Criscuolo, de São Paulo

O ano de 2020 foi, sem dúvida, um desafio de proporções inéditas para toda uma geração ligada à indústria da música diante do furacão Covid-19. Milhares de profissionais se viram sem as receitas oriundas de shows e eventos, além de terem sentido uma queda generalizada no mercado, o que os forçou a buscar alternativas. Uma delas foi a docência. Segundo o portal Cuponomia, a venda de cursos, oficinas e outros formatos educativos online registrou um aumento médio de 224%.

Nomes como Carlinhos Brown, que estreou no portal Domestika o curso "Introdução à percussão: descubra a magia dos ritmos", e Marcelo D2, que oferece no Curseria o conteúdo "Composição Musical: técnicas, conceitos e processo criativo", são só a pontinha desse iceberg de conhecimento online que se difunde aceleradamente. 

A relação de Vinicius Bernucci — músico, produtor musical e engenheiro de mixagem — com os cursos começou bem antes da crise, em 2014, então de forma presencial. Pouco a pouco ele foi entendendo que o caminho a seguir era digital. A pandemia o pegou bem posicionado, já com bastante familiaridade nesse universo. Atualmente, Vinicius oferece, entre outros, o curso "Mixagem, masterização e produção musical", no portal Udemy. 

Na opinião dele, que hoje já soma mais de 3.000 alunos, o maior desafio para quem cria cursos é mantê-los atualizados, além de uma criação de conteúdo constante em redes sociais. "É importante entender que é preciso ter uma regularidade de produção de conteúdo, mesmo com o resultado não sendo o esperado. A maioria das pessoas espera resultados astronômicos de início, mas nem sempre acontece dessa forma. É preciso tempo e constância para que as pessoas encontrem e comprem o seu curso", diz.

A história se repete com o engenheiro de mixagem e produtor musical Pedro Peixoto, que viu no digital uma oportunidade para ampliar o público de seus cursos e, consequentemente, criar um novo modelo de negócio para sua carreira. Ele oferece seus cursos num site próprio, e os conteúdos são variados, de ProTools a engenharia de áudio, passando por pílulas variadas sobre mixagem. Algo que só foi possível porque construiu uma boa reputação na área.

O músico, compositor e produtor de conteúdos digitais Mariano Júnior defende que o grande desafio não é criar o curso em si, mas construir uma base necessária que permita ao profissional atrair alunos. Em outras palavras, angariar autoridade para falar sobre um tema. "E você só se tornará uma autoridade quando estiver com bastante conteúdo produzido sobre o assunto. Afinal, por qual motivo alguém compraria um curso seu? É preciso se fazer essa pergunta", pondera Júnior, que oferece no Udemy o curso "Produção Musical - Guia Para um Home Studio". 

"Se você é músico ou artista e não tem ativos digitais, está fadado a ficar à mercê de mudanças no mercado como foi essa da pandemia. É quase que uma obrigação ter uma perna no digital, alguma fonte de renda vinda disso: seja curso, ebook, produtos, consultoria. Crie algo no digital!", aconselha Peixoto. 

Um outro lado deste universo de ensino para profissionais da música são as aulas particulares, foco do músico Marcelo Costa. Diferentemente dos profissionais que criam cursos para abraçar um público maior,suas aulas atendem a uma demanda por algo mais personalizado e adaptado a cada aluno.

No caso de todos os profissionais ouvidos para esta reportagem, a demanda por cursos cresceu durante a pandemia. Para Mariano Júnior, os primeiros meses do isolamento social fizeram crescer em estratosféricos 1.000% a venda de seus cursos.

Na opinião de Vinícius, isso aconteceu porque as pessoas queriam aprender coisas novas, e os cursos digitais ofereceram este conhecimento, dentro de casa. "O digital quebrou barreiras, é o futuro para a nossa profissão. A pandemia foi só uma pequena amostra do que será o mercado de cursos digitais no Brasil", diz.

Quanto ao público que busca por estes cursos, há desde pessoas que já trabalham na área e buscam novas habilidades e qualificações a gente que quer tão-somente aprender algo novo.

Embora os cursos e aulas sejam uma alternativa de fonte de renda para músicos e profissionais da música, Vinícius alerta que é não é uma tarefa fácil, nem mesmo trará enriquecimento rápido. 

"É um trabalho que praticamente roda no automático, mas continua sendo um trabalho. O que faz as pessoas desistirem são as promessas de enriquecimento rápido, dinheiro fácil. E não é essa a verdade. É um trabalho como qualquer outro que exige muita dedicação, aprimoramento, atenção e paciência. Existe um esforço de aprender outras competências, especialmente quando você não tem uma equipe trabalhando por você. Persista, porque os resultados não serão imediatos. Mas é um negócio escalável, com potencial.",

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