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Atitude 67: 'Tem sido mais do que um sonho'
Publicado em 24/01/2019

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Produzida por Dudu Borges e apadrinhada por Thiaguinho, a banda de 'samba-rock pantaneiro' Atitude 67 é o novo hit das plataformas de streaming, com dezenas de milhões de visualizações 

Por Alessandro Soler, de São Paulo

Foto de Somoke

Nova aposta do midas Dudu Borges, e com apadrinhamento de Thiaguinho, a banda Atitude 67 foge aos padrões fáceis da classificação musical. Naturais de Campo Grande, eles bebem na fonte nobre da música do interior, mas fazem mesmo é batuque: pagode, samba-rock (que chamam de pantaneiro) e pitadas de rap que põem a juventude conectada para dançar. Muitas vezes. Dezenas de milhões delas (só um dos hits, “Cerveja de Garrafa”, tem mais de cem milhões de visualizações no YouTube). 

Radicados em São Paulo, os seis jovens integrantes vivem juntos (num mesmo apartamento, modelo já adotado por diferentes bandas antes, dos setentistas Novos Baianos à girl band Girls), criam juntos e mostram uma rara sintonia que explica a explosiva repercussão do primeiro álbum deles, homônimo. Entregue em capítulos, o CD é, na verdade, um acúmulo de EPs com propostas e tempos de maturação complementares, sondando a repercussão, os gostos e as ondas do mercado. É o que conta o vocalista Pedrinho Pimenta nesta versão completa da entrevista publicada na edição de fevereiro da Revista UBC.

VEJA MAIS: Um momento de criação e descontração dos seis integrantes da banda no apartamento que dividem em São Paulo

 

O som de vocês tem uma evidente base de pagode, mas não é óbvio. Tem misturas que remetem ao rap, uma pegada às vezes sertaneja… Há quem o defina como pagode do Pantanal. É isso? O que é que vocês fazem?
Pedrinho Pimenta:Esta é a pergunta mais difícil de responder. Quando a gente lançou o primeiro disco, quando foi conhecer gravadora, surgiu a pergunta, e a gente não sabia responder. Como somos do Mato Grosso do Sul, e lá é terra de sertanejo, surpreendia todo mundo que esse não fosse o nosso som. Precisamente por isso a gente se chamou de Atitude. Achávamos que era preciso muita atitude não tocar sertanejo naquele entorno. Éramos do rap e do samba. Passamos a chamá-lo de samba-rock pantaneiro. Nos autodefinimos para evitar as classificações dos outros. 

O 67 vem de quê?
Quando nos mudamos para São Paulo, éramos só Atitude ainda. Aí, a gente batia na porta dos barzinhos e pedia para tocar, ia conhecendo pessoas, amigos. Nosso número de celular ainda era de lá, onde o código DDD é 67. Começaram a falar “olha a galera do 67”... Ficou.  

Quando a banda surgiu exatamente? 
Desde que me conheço por gente, desde adolescente. A gente é amigo de infância. Muitos dos nossos pais já eram amigos. Somos segunda geração de amigos. Fomos criados juntos. Aos 13 ou 14, mantamos bandinha e começamos a tocar. Em 2005, com média de idade de 16 anos, fizemos CD, mas não tivemos dinheiro para distribuir. Depois, em 2008, muitos foram embora fazer faculdade. Mantivemos o projeto amador, com cada um exercendo paralelamente suas profissões. Somos oceanógrafo, advogados, administrador, jornalista, arquiteto... Dois anos atrás, veio a decisão de largar tudo. Todos pedimos demissão dos antigos trabalhos. Escolhemos São Paulo e viemos. A noiva do Leandrinho não aceitou a decisão e terminou com ele. Foi preciso coragem para dar uma guinada. 

E como foi o começo aqui?

Foi como eu disse, batendo nas portas dos bares, tentando fazer um som autoral. Mas é complicado. Os bares, em geral, pedem que os artistas façam covers de canções famosas. Poucos aceitavam que tocássemos nossas músicas. Quando os clientes começaram a curtir e pedir, fomos ganhando liberdade maior. Tocávamos por R$ 500 ou R$ 600 por show. E somos seis integrantes. Foi complicado (risos). Às vezes fazíamos três shows por dia. Morávamos os seis num apartamento de dois quartos e um banheiro. Foi a fase do perrengue, de não ter grana. Tentando gravar músicas no esquema voz e violão e difundi-las pelos WhatsApp... 

E a chance de ser produzidos pelo Dudu, como surgiu?

Um dia surgiu a oportunidade de compor para uma cantora que o Dudu Borges estava produzindo e que iria gravar lá no estúdio dele, o VIP. Chegamos, Eric e eu, que somos os que mais compomos, ele curtiu a música e pediu para mostrarmos mais coisas. Fomos mostrando... Tínhamos dezenas de músicas criadas, e nenhuma realmente gravada. “Mostra mais, mostra mais”, ele dizia. Quando chegamos a umas 40, ele marcou de voltarmos outro dia para conversar melhor. Ele nos ajudou a moldar tudo, o estilo, tudo. Viu que acreditávamos demais, que havíamos largado tudo para vir para São Paulo... Até o fato de dividirmos o apartamento o impressionou positivamente e acho que contribuiu para ele bancar e dar um voto de confiança. 

A experiência de viver todos juntos no mesmo apartamento tem aura romântica...

Muito. Somos família mesmo, não só da boca para fora. Tudo fazemos juntos. Compomos juntos num ambiente relaxado... Deu tão certo essa vida em comum que nos mudamos juntos para outro lugar bem maior, com conforto... E não há planos de deixar de estar juntos. 

Como surgiu o Thiaguinho nessa história?

Surgiu via Dudu. A gente já tinha gravado “Atitude Ao Vivo Em SP”, com 14 músicas. Tinha as músicas que mais estouraram. Tinha gravado, mas ainda não lançado. Dudu filmou a gente cantando e mandou para o Thiaguinho, que respondeu impressionado. Ele gostou tanto da nossa música “O Seu Tom” que resolveu gravá-la. Começou aí. Um dia, ele apareceu num bar onde nos apresentávamos, sem avisar. Depois, conversamos. Houve afinidade imediata. Gostou das músicas, do projeto, da gente... e, daí, surgiu o interesse de nos apadrinhar. Ele é muito generoso, compartilha as experiências, a equipe, o palco, colocou a gente embaixo do braço. Com ele, o lançamento do disco foi muito mais suave... 

Vocês optaram pela entrega do mais recente projeto em EPs. Por quê?

É como se quiséssemos contar uma história. O primeiro foi o Laje 67, gravado numa laje do Brás, com proposta bem urbana. O último, o Praia 67, que saiu em dezembro com clima e estética de verão, foigravado em Saquarema (RJ)... A gente vai compondo e arranjando segundo cada clima, planejando algo como uma entrega de 25 músicas por ano. É um grande desafio, difícil de compor, mas o resultado é que não saímos do radar das plataformas. 

E dos palcos... 

Nos últimos 180 dias, foram cem shows. Loucura total. E tem uma logística interessante: procuramos agendar os shows em miniturnês espalhadas por regiões, otimizando nosso tempo. Para isso, temos uma assessoria especialíssima, Thiaguinho nos pôs uma equipe fantástica à disposição. Tem sido mais do que um sonho. 

 

 

 


 




 


 

 



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