Fãs podem pagar para ouvir "Portas" antes; doações ajudarão profissionais da cultura
Por Ricardo Silva, de São Paulo
Marisa Monte lança na quinta-feira da próxima semana (1º de julho) seu novo álbum, "Portas", o primeiro de inéditas em dez anos. E decidiu abrir um canal de ajuda a profissionais da cultura de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador duramente afetados pela paralisia do mercado decorrente da pandemia.
O lançamento oficial do trabalho será às 21h. Mas qualquer pessoa que contribuir com valores a partir de R$ 20 poderá ouvi-lo uma hora antes, às 20h, com exclusividade, no que vem sendo chamado pela cantora de uma audição solidária. Todo o dinheiro será convertido em cestas básicas para doação. E Marisa já se antecipou e comprou, ela mesma, uma tonelada de alimentos para doar.
LEIA MAIS: Saiba como doar no site da campanha e participe
"Acho importante dar o exemplo para toda sociedade. Nos momentos de dificuldade coletiva, o altruísmo e a solidariedade fazem toda a diferença", disse a cantora e compositora em entrevista à UBC. "Tem muita gente engajada em ações como essa, querendo fazer coisas relevantes neste momento. Eu já vinha participando de algumas iniciativas e acompanhando o trabalho de vários grupos que fazem essa assistência. E fiquei imaginando uma maneira de engajar meu público e sensibilizá-lo sobre a situação dos profissionais de música e cultura durante a pandemia. Contei com o apoio de toda minha equipe. Gostaria de agradecer especialmente a todos eles, aos parceiros que abraçaram a causa e aos meus fãs. É uma ação coletiva."
Ela conta que o processo de gravação de "Portas" foi impactado diretamente na pandemia, "como tudo neste mundo." As gravações estavam originalmente previstas para maio de 2020, mas só tiveram início em novembro, após a assimilação pela equipe de todas as boas práticas de isolamento social e prevenção contra os contágios. As viagens previstas a outras cidades para gravações de participações tiveram que ser suspensas.
"Acabamos nos adaptando, experimentando sessões remotas, e deu muito certo. Foi um disco que eu gravei com pessoas nos mais diferentes lugares do mundo, Nova York, Lisboa, Madri e Barcelona, além da mixagem em Nova York e Los Angeles, tudo isso sem eu sair do Rio de Janeiro. É o meu disco mais internacional", ela descreve.
A concepção inicial, pré-pandêmica, também deu lugar a outros temas, a outro clima. "O fato de ter atrasado fez com que algumas canções surgissem já dentro da pandemia. Mas outras, a maioria, já vinham sendo compostas nos últimos anos, com diversos parceiros. Canções que estavam na espera do momento certo para serem gravadas", conta Marisa.
O disco marca a estreia de uma parceria do selo próprio de Marisa, o Phonomotor Records, com a Sony Music, que fará a distribuição. Carlinhos e Chico Brown, Dadi Carvalho, Silva, Davi Moraes e Pedro Baby, entre diversos outros nomes, têm participação no álbum, que foi produzido pela própria Marisa com coprodução de Arto Lindsay.
VEJA MAIS: O vídeo de "Calma", o primeiro single do álbum, uma composição de Marisa e Chico Brown