A PurpleThrone tem como objetivo beneficiar artistas iniciantes e independentes com vantagens a longo prazo
Do Rio
Que o streaming possui uma importância grandiosa na indústria da música todo mundo já sabe. O relatório divulgado pelo IFPI em 2020 mostra que 62% das receitas do mercado musical vêm dos streamings, muito diferente do cenário de anos atrás. Mesmo com um panorama muito melhor, o modo de pagamento do streaming vem sendo cada vez mais questionado por artistas do mundo inteiro. Na UBC, o tema foi debate da primeira edição do Conexões UBC, que aconteceu no dia primeiro de junho, com participação do músico Charles Gavin e do produtor cultural e autor da série “Ainda Precisamos Falar Sobre O Streaming”, Carlos Taran.
Com diversas opiniões e alternativas que levantam o debate sobre o melhoramento da remuneração, a plataforma de música norte-americana, PurpleThrone, sugeriu uma saída para o problema: criptomoeda. O fundador da empresa, Aziz M. Bey, lançou a plataforma de criptografia emergente, PurpleCoin. O programa tem como objetivo usar a ciber moeda para remunerar serviços vinculados a música. Os artistas com os maiores sucessos ou que foram pioneiros dentro do sistema têm benefícios como acesso a shows, produção de vídeo e sessões de fotos. Enquanto o Spotify oferece exposição privilegiada na plataforma, o PurpleCoin pretende incluir regalias, segundo eles, “mais vantajosas para os músicos”.
“Eu queria lançar uma plataforma que permitisse aos artistas emergir com maiores níveis de independência econômica. A PurpleCoin é uma plataforma especializada em pagar royalties líderes da indústria aos músicos independentes”, conta Bey ao Digital Music News.
A proposta de boa remuneração para artistas novatos e independentes foge da lógica das megatataformas, como Spotify e YouTube. Como o projeto ainda é inicial, o fundador da página está se concentrando em uma plataforma de artista mais exclusiva e baseada em aplicativos. Os artistas pagam US $ 9,99 por cada upload de música na plataforma e o sucesso é recompensado com distribuições de tokens (representação do dinheiro em formato digital) do PurpleCoin, uma criptomoeda pré-ICO (Oferta Inicial de Moedas).
O modelo tem como foco reter os artistas no formato e convencê-los a desfrutar dos pagamentos a longo prazo, já que, à medida que o PurpleCoin se expandir, os benefícios irão se potencializar.
O crescimento a longo prazo alivia alguns dos pontos fracos que motivaram Bey a começar a PurpleThrone. Antes da startup, Aziz investia em artistas promissores com bases de fãs emergentes, mas se sentiu desprezado por um sistema de gravadoras que oferecia pouco desenvolvimento de carreira artística a longo prazo. Juntamente com suas frustrações com as principais plataformas de streaming, o fundador também percebeu que os artistas estavam errando ao ficarem obcecados por curtidas, cliques e contagens de stream, mesmo com baixa remuneração
A solução proposta pela PurpleThrone não foi impedir que os artistas se envolvessem com suas bases de fãs. Em vez disso, a empresa deseja injetar ativos reais no processo e sacudir a economia da indústria de streaming de forma potencial e qualitativa. Apesar da proposta principal do programa ser colher lucros no futuro, também é viável obter benefícios imediatos. Segundo o fundador, os artistas podem trocar suas criptomoedas por moeda fiduciária, ou seja, dinheiro, quando quiserem.
Embora a proposta seja inovadora, ainda é distante da imensa maioria dos artistas e profissionais da área. As criptomoedas se restringem ao conhecimento seleto de pessoas que estudam o formato, o que torna o serviço oferecido pela startup limitado a uma parcela pequena da população mundial.
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