Apesar do cenário extremamente lucrativo para a plataforma, os repasses para titulares não foi reajustado
Do Rio
No boletim informativo divulgado nesta quarta-feira (2), o chefe global de música do YouTube, Lyor Cohen, confirmou que o YouTube pagou para artistas, compositores e detentores de direitos mais de US $ 4 bilhões nos últimos 12 meses. Já a plataforma sueca, Spotify, revelou no começo do ano que pagou mais de US $ 5 bilhões em 2020. A corrida para ocupar o topo do pagamento de royalties parece acirrada.
A carta de Lyor Cohen mostrou um cenário animador para o setor musical. Segundo ele, o Youtube adicionou mais "membros pagos'' no primeiro trimestre de 2021 do que em qualquer outro trimestre desde o lançamento da plataforma. Esse dinheiro deriva de anúncios do YouTube e das assinaturas do YouTube Music e Premium.
“Como plataforma de audiovisual, o nosso objetivo é nos tornarmos o principal gerador de receitas da indústria musical e ajudar artistas de todo o mundo a construir uma carreira fazendo música. Estamos em uma posição única para atingir essa meta porque o YouTube monetiza globalmente a experiência musical de ponta a ponta”, conta Lyor.
Além disso, Cohen disse que tanto o conteúdo de música premium quanto o conteúdo gerado pelo usuário (UGC) no YouTube estão crescendo e gerando um valor significativo para a indústria musical. Mais de 30% do valor total pago, ou seja, cerca de US $ 1,2 bilhão dos US $ 4 bilhões, vieram de conteúdos gerados pelo usuário.
“Os vídeos movidos por fãs sempre marcaram presença no YouTube, ajudando os artistas a aumentar seu público e lançar músicas ao redor do mundo. Estamos entusiasmados com o fato de que agora também se tornou uma fonte significativa e incremental de receita, juntamente com o conteúdo de música premium”, escreve Coen.
SHOW VIRTUAL PAGO É A NOVA TENDÊNCIA?
Ao perceber que os fãs são um grande potencial no Youtube, a plataforma revelou que seguirá inovando em conteúdos para esse público com ingressos, mercadorias, assinaturas, produtos digitais pagos e, principalmente, eventos virtuais cobrados.
O show online pago realizado pela banda sul-coreana Black Pink foi um teste para evidenciar a capacidade do formato. O evento, que aconteceu dia 31 de janeiro, foi transmitido com exclusividade pelo canal do grupo no Youtube e vendeu cerca de 280.000 ingressos para 81 países. Foram oferecidos dois modelos de convites: o acesso padrão e o “Plus”. O padrão custava US $ 29,99 e incluía a transmissão ao vivo, a retransmissão e emojis personalizados. Já o acesso “Plus” valia US $ 39,99 e, além dos produtos do pacote mais simples, acrescentava o direito a conteúdo de bastidores.
A ação rendeu pelo menos $ 8,4 milhões, contando que todos os ingressantes compraram o pacote mais básico. Além disso, o Black Pink conquistou 2,7 milhões novos assinantes para o canal oficial do grupo.
O chefe global do Youtube se mostrou empolgado com o resultado do evento:
“Construir a melhor experiência musical para os fãs e capacitar todos os artistas a crescerem em suas carreiras são essenciais para nós. Eu não poderia estar mais animado com o futuro da indústria musical. Hoje em dia, quando minha mãe me pergunta o que eu faço para viver, digo a ela que estou ajudando a garantir que o próximo Kurt Cobain não precise se tornar um dentista”, diz Lyor Cohen.
E as notícias boas não terminam por aqui. Segundo a empresa controladora da plataforma, Alphabet, nos três meses até o final de março deste ano, o YouTube gerou US $ 6,005 bilhões com publicidade. Este número representa um aumento de 49% em relação ao mesmo período de 2020. Se o YouTube conseguir manter esse crescimento ao longo de 2021, movimentará mais de US $ 29 bilhões este ano.
Mas, apesar do lucro da plataforma estar alavancando, em proporção, os artistas não estão ganhando a mais do que já ganhavam há três anos atrás. As estatísticas mostradas acima e reveladas pelo YouTube ocorrem apenas três meses depois do anúncio de que a plataforma gerou um total de US $ 19,78 bilhões com publicidade em todos os seus vídeos, ao longo de 2020. Isso significa que, nos últimos 12 meses, a ferramenta pagou à indústria da música o equivalente a aproximadamente 20% do que ganhou em receita anual de anúncios. Apesar do número crescente no pagamento de royalties, o percentual repassado se manteve igual ao de 2019.