Série da UBC sobre como tirar o melhor das redes que são parada obrigatória para quem faz música traz a maior plataforma de streaming musical (e de vídeos) do mundo
Por Fabiane Pereira, do Rio
Quase um terço da população da Terra (pouco mais de 2 bilhões de pessoas) assiste a pelo menos um vídeo pelo YouTube todos os meses. Num único dia, segundo dados da plataforma, coisa de um bilhão de horas de vídeos e áudios é exibida – mais do que Netflix e Facebook somados –, e mais de 500 horas de novos conteúdos são publicadas ali a cada minuto. O hábito de ver e ouvir por essa plataforma, o segundo site mais acessado do planeta só atrás do Google (ao qual pertence), é tão arraigado que 75% dos jovens de até 24 anos preferem ver conteúdos ali a assistir a canais de TV.
Não é algo que surpreenda. O YouTube, cujo nome é um jogo de palavras em inglês entre você e tubo (uma gíria para TV no tempo em que os televisores tinham telas tubolares), se propõe a ser um conjunto – criativo, caótico, variado, acrítico – de canais nos quais tudo, ou quase, cabe. Inclusive, claro, muita música.
Ciente de que, há anos, o YouTube é o lugar onde mais se ouvem canções e se descobrem novos hits, a Google criou o YouTube Music, uma plataforma de streaming destinada a competir com os grandes (Spotify, Apple Music) e pagar melhores valores de royalties e execução pública aos titulares das canções, já que os valores distribuidos pelo YouTube em si são reconhecidamente baixos.
Mesmo assim, não há como não estar ali. E os menores detalhes podem fazer a diferença no alcance e na performance dos vídeos. Assiduidade, cenário divertido, roteiro coerente e embasado, posicionamentos, conteúdos quentes e frios, apresentador carismático são alguns dos tópicos quentes quando a ideia é tentar se destacar no YouTube. Jullie Steffanine, A&R e Sr. Label Manager da Altafonte Brasil, uma das principais agregadoras digitais em operação no país, nos ajuda a listar outros:
Vale dizer que, quando o artista independente publica um vídeo, ele deve levar em consideração alguns fatores para que o alcance daquele conteúdo chegue ao público certo e ganhe notoriedade. “Ao criar uma estratégia, deve-se primeiro compreender qual o público que se quer atingir, mas também qual o público que já está gerando tráfego e visualizações em seu canal. Estratégias precisam ser adaptadas de acordo com o público-alvo e com o perfil do próprio canal do artista. É importante somar audiência sem perder a fidelidade dos já inscritos em seu canal”, garante Jullie.
Um conceito muito trabalhado pelo YouTube é o de “network”. Nele, a plataforma sinaliza a pluralidade que o digital pode fornecer para uma música. Em outras palavras, é possível analisar os caminhos que um single pode percorrer de forma orgânica obtendo bons resultados.
A cantora Luiza Sonza, recentemente, utilizou esta estratégia para potencializar os resultados do clipe da música “Braba”. “O network permite que a mesma música seja amplificada a diferentes ambientes e públicos dentro do universo do YouTube. Além do videoclipe e do lyric video oficiais no canal do artista, este tipo de estratégia utiliza a rede de canais do YouTube para gerar outros tipos de conteúdo com a música, como vídeo de coreografias, vídeos de reação, vídeo-cifra, remix, covers. As parcerias com criadores de diversos canais diferentes relacionados direta ou indiretamente à música permitiu que 'Braba' e a própria artista chegassem a ambientes variados dentro da plataforma”, explica Jullie.
Como toda plataforma, o YouTube também tem seus prós e contras.
Para Jullie, entre os prós estão: “a facilidade de subir conteúdo original; o fácil acesso do público ao conteúdo graças à gratuidade da plataforma; a possibilidade de criar diversos conteúdos diferentes com a mesma música; a abertura para se explorar outras frentes artísticas além da música como: bate papo, review, vlog, etc.; a possibilidade de interagir diretamente com fãs através dos comentários e de outras ferramentas de chat; a abertura para lives/conteúdo ao vivo em geral; a criação de pré-estreias, gerando expectativas sobre o lançamento de um vídeo".
Entre os contras, ela analisa, estão “a remuneração, que ainda não é tão alta, e o carregamento de vídeos, que exige mais da internet, dificultando o acesso via mobile.”
Direitos autorais
O YouTube tem contratos com as principais gravadoras, selos e agregadores digitais para pagamento de direitos fonomecânicos. Além disso, também já existe um acordo com o Ecad para o pagamento de execução pública. No momento, apenas os direitos autorais são contemplados na execução pública, e não ainda os direitos conexos (de intérprestes, músicos acompanhantes e produtores musicais, por exemplo).
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