Entidades promovem a iniciativa ResiliArt, que estreou com debate ao vivo nesta quarta-feira (15) e terá um novo evento no dia 22 reunindo ministros da Cultura de diversos países
De Paris*
Enquanto a dimensão exata do impacto econômico e social da epidemia de Covid-19 ainda se desconhece, um crescente número de entidades e pensadores já debate saídas para a crise que afetará o mundo inteiro nos próximos meses, com óbvias repercussões no âmbito cultural. Nesta quarta-feira (15), Dia Mundial da Arte, a Unesco e a Cisac realizaram um bate-papo ao vivo e online que marcou o lançamento da iniciativa ResiliArt. Parceria do organismo da ONU para a educação, a ciência e a cultura e da Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores, a ResiliArt espera aportar ideias para fazer das indústrias culturais e criativas o motor da recuperação global.
“Compreensivelmente, o foco desta crise está sobre a saúde e a sobrevivência. Mas a Covid-19 também é uma catástrofe para a cultura. Representa uma ameaça de longo prazo para as receitas dos criadores, destrói economias e empregos e devasta comunidades amparadas na cultura e nas artes”, disse Jean-Michel Jarre, presidente da Cisac e um dos palestrantes. “Mas a cultura também pode estar no centro das soluções para a crise. É por isso que a Cisac se une à Unesco no ResiliArt, com a finalidade de aportar as vozes dos criadores e, assim, ajudar a moldar políticas públicas efetivas.”
Ele propôs várias ideias para reativar a economia criativa. Entre elas, uma de viés inovador: que usuários de músicas e outras obras em domínio público passem a pagar pelo uso, e o dinheiro seja reunido num fundo para financiar criadores e projetos artísticos. Seria, na visão de Jarre, uma justa contribuição que injetaria bilhões de dólares na economia global.
A compositora e cantora beninense Angélique Kidjo foi outra das debatedoras. Ela fez uma apaixonada defesa dos criadores de cultura como sedimentadores da própria ideia de humanidade. E pediu que governos de todo o mundo se engajem na busca de soluções para tirar a economia criativa da grave crise em que entrará como consequência da paralisação de shows e eventos.
Outros debatedores foram Deeyah Khan, músico, documentarista e embaixador da boa-vontade da Unesco; Luis Puenzo, cineasta, roteirista e produtor; Yasmina Khadra, autora, e Nina Obuljen-Koržinek, ministra da Cultura da Croácia. "Os governos não podem se abster do seu papel fundamental de fomentadores da cultura. Caberá aos estados ajudar a produção cultural a exercer seu papel de liderança na recuperação", ela disse.
No próximo dia 22, a iniciativa ResiliArt reunirá mais ministros da Cultura de diversos países num grande debate focado precisamente nas políticas públicas que poderão ser implementadas mundo afora. E você pode participar. Nos próximos dias, divulgaremos aqui no site mais detalhes sobre o horário e o link para acessar o debate e fazer perguntas. Não perca.
VEJA MAIS: O vídeo do primeiro debate, na íntegra (em inglês e francês)
*Com informações da Cisac