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Uma ‘feira de música’ na Casa UBC
Publicado em 08/07/2019

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Edição 2019 do UBC Sem Dúvida: Música 360º põe em contato artistas, associados e players do mercado, em três dias de informação sobre o mercado e muito networking

Por Christina Fuscaldo, do Rio

Fotos de Fabio Ribeiro

A edição 2019 do evento UBC Sem Dúvida: Música 360º, encheu a Casa UBC, no Rio, de oficinas, debates, palestras, shows e muito networking, de terça-feira (2) a quinta (4). O evento debateu questões atuais do mercado da música e serviu para informar aos associados presentes ali — e aos que acompanharam tudo, ao vivo, pelos canais da UBC no YouTube e no Facebook — sobre o mundo dos direitos autorais e da gestão de carreira.  

“O mercado precisa dialogar mais, para cada um entender o lado do outro, negociar melhor. É isso que nós estamos propondo como esse evento. E foi muito importante cruzar o UBC Sem Dúvida com o Projeto Impulso”, disse Marcelo Castello Branco, diretor-executivo da UBC, referindo-se à iniciativa de capacitação, mentoria e networking que a UBC está desenvolvendo com três associados escolhidos por um time de curadores. Pela primeira vez, durante o UBC Sem Dúvida, os artistas participantes, Romero Ferro, banda Mulamba e banda Canto Cego, tiveram contato ao vivo com seus mentores. 

“A proposta que a gente tem é de ajudar o mercado a crescer, de ajudar o mercado a conversar. O nosso maior valor é a cultura, e a música, dentro da cultura, tem uma importância muito grande”, completou Castello Branco.

VEJA MAIS: No canal da UBC no YouTube confira grandes momentos dos painéis e debates, na íntegra

 

Primeiro dia

As meninas da Mulamba, que participam do Projeto Impulso e tocaram no primeiro dia

Logo na abertura, o UBC Sem Dúvida teve uma oficina de Peter Strauss, gerente da área internacional da UBC, sobre o fluxo de pagamentos de direitos nas plataformas digitais. Ele explicou a diferença entre fonograma e obra, reprodução e execução pública e o papel das agregadoras. Na sequência, a advogada, professora e ex-diretora-geral da UBC Marisa Gandelman falou sobre acordos e contratos. Apresentando termos e esquemas de funcionamento, ela mostrou que o artista precisa conhecer seus direitos para não dar passos errados em sua carreira: “O artista, hoje, tem que ser 360º, fazer de tudo, aprender o jogo de poder na indústria e o funcionamento dela.”

Com mediação de Iuri Freiberger (Gramo e orientador do Projeto Impulso), o debate sobre o futuro da música contou com Marcelo Falcão (Universal Music Publishing), Marcos Chomen (CD Baby), Bruno Costa (Agência Milk), Paulo Monte (Som Livre) e a cantora e compositora Kell Smith. Enquanto Falcão falou dos acampamentos de criação que a editora Universal vem realizando, Costa declarou que considera, hoje, o YouTube a principal ferramenta de divulgação para músicos, sendo as outras redes sociais formas de fazer o público chegar aos conteúdos disponíveis na plataforma. 

O diretor-executivo da UBC, Marcelo Castello Branco, no painel de abertura

Monte chamou a atenção para a necessidade de lembrar que as ferramentas são importantes, mas o ponto de partida é a obra, e Chomen reforçou como a mudança do mercado fez com que o público passasse a escolher o que ver e ouvir: “Muita gente ainda pensa da maneira antiga, e tem muito artista vivendo da própria arte.” Smith deixou sua fala vir do coração: “O futuro vai ser procurarmos as pessoas. Música é cura, não só entretenimento.”

Ainda na terça-feira, Marina Mattoso (Jangada Comunicação) deu dicas de marketing essenciais para músicos atuarem no mercado digital. “O engajamento, hoje, corresponde ao autógrafo de antigamente”, declarou a publicitária. Com mediação de Fábio Silveira (Consultor de Music Business), Fabiane Pereira (Papo de Música), Marcus Preto (Jornalista e Produtor Musical), Alex Schiavo (Altafonte) e Carlos Albuquerque (crítico de música) se perguntaram quem são os novos diretores artísticos da era digital. Pereira sustentou que só a repetição garante o sucesso de uma música, daí a importância das rádios. Já Albuquerque lamentou a consequência da pulverização: “Sempre achei injusta a demonização das gravadoras. Se não fossem elas, o movimento manguebeat, hoje, talvez fosse só uma página no Facebook.” Marcus Preto engrossou o coro: “As pessoas acreditavam que os produtores podavam os artistas, mas, sem eles, os artistas acabaram se perdendo. Essa figura que dava a direção era importante.” 

Segundo dia

Romero Ferro, outro participante do Impulso: atração do segundo dia

Na quarta, o UBC Sem Dúvida recebeu Mariana Campos (Music2!/Mynd8) para falar sobre como as marcas e artistas podem fazer parcerias: “As marcas precisam se conectar aos fãs, e isso funciona porque os fãs acreditam no que o artista fala para ele.” Em seguida, os produtores Pedro Dash e Dan Valbusa criaram ao vivo uma faixa de reggaeton a partir de um vocalize feito por um artista da plateia, Victor Mus. Depois do “show”, a jornalista Kamille Viola mediou uma conversa sobre composição e produção musical com Constança Scofield (Estúdio Toca do Bandido) e os músicos Celso Fonseca, Mahmundi e Lucas Silveira. “A gente tem ideias nos lugares mais estranhos, mas para mim, mesmo depois de 30 anos, compor ainda é um mistério”, declarou Fonseca, lembrando que até por fax recebeu letra de música do parceiro Ronaldo Bastos. 

O grupo debateu as exigências desse novo mercado e, ao ser perguntado sobre a oscilação da banda Fresno no mercado, Lucas Silveira fez um emocionante desabafo: “Consigo ter uma perspectiva de ter sido uma banda independente e, pouco tempo depois, estar na MTV, com Chitãozinho e Xororó falando que vão gravar sua música. Você só percebe que é uma onda quando ela chega na praia sugando tudo que tem por baixo e te jogando na areia. O mercado é um moedor de sonhos. E minha vontade é dizer para os artistas novos fazerem sua música, terem cara de pau, trabalharem... porque, na verdade, o importante é a música, e mais nada.”

Ainda na quarta-feira, Fábio Geovane, diretor de Operações da UBC, explicou a importância do cue-sheet para a arrecadação e seguiu com um debate sobre música e audiovisual. Vadeco Schettini (compositor e produtor de trilha), Lucas Macier (compositor e produtor de trilha), Glória Braga (ECAD), Magno Maranhão (Ancine) e Leonardo Edde (SICAV) conversaram com mediação de Flávia César (WCM). Leonardo chamou a atenção para o desconhecimento que há na indústria criativa sobre os direitos, e Vadeco reclamou que a criação musical está sendo tratada como serviço. “A gente tem que pensar nela como capital criativo.” 

Terceiro dia

Painel sobre eventos e shows, destaque do último dia do UBC Sem Dúvida

O terceiro e último dia começou com Sandra Jimenez (YouTube) explicando como funcionam as ferramentas de direitos autorais do YouTube e a política de monetização do site: “Você precisa ter uma presença. Dá trabalho, mas vale.” Em seguida, Ricardo Leite (Crama Design) mostrou a importância do design para capas de discos e artes em geral através de sua trajetória. Na sequência, a cenógrafa Susana Lacevitz mediou uma conversa entre Thiago Calviño (diretor de videoclipes), Batman Zavareze (designer), Arthur Fitzgibbon (OneRPM), Ricardo Leite e Alexey Rodrigo (TV Bandeirantes) sobre imagem a serviço da música e música a serviço da narrativa. “O comportamento do consumidor mudou, e a gente entendeu que o vídeo é essencial”, disse Arthur. “A música tem que trabalhar para contar a história do que você está vendo. Na publicidade, é necessário ter essa maturidade para atender a demanda”, declarou Alexey. 

Ana Paula Brito e Adriana Capelo, ambas do ECAD, explicaram como funcionam a arrecadação e a distribuição de direitos de shows, antes de um debate que abordou os erros e acertos nos planejamentos de shows. 

A produtora Fabiane Costa conversou com os produtores Leo Feijó e Maria Fortes, o empresário Rafael Rossatto, Pedro Seiler (Queremos!) e Christian Lobo (K7a4 Produções) sobre como calcular valor de ingresso, cachê de músico, logística de turnês e produção de eventos. “Calcular o valor do ingresso é o grande mistério do show business mundial, mas tudo começa com uma planilha de custos daquele show”, declarou Christian. “É preciso entender o tamanho do artista para escolher o lugar onde ele vai tocar”, disse Rafael. “No Brasil a gente tem um controle maior. No exterior, o artista acaba fazendo uma turnê melhor por causa da diferença de cultura e de valores”, complementou Maria.

Sobre as dificuldades, Pedro ressaltou a burocracia que coloca percalços no processo de produção de eventos: “Mudança de regra, fiscalização em cima da hora podem impactar na organização e realização do evento.” Leo Feijó comentou que o Rock in Rio chega a receber 80 órgãos públicos para viabilizar o festival. “Tudo passa pelo poder público, seja a política de fomento, seja a de liberação. Isso é importante, mas é preciso repensar a burocracia, porque ela precisa atender as necessidades. A cultura tem um dos piores orçamentos do município, do estado e do país. A iniciativa privada precisa dialogar mais.” 

O show do último dia: a banda Canto Cego, outra das integrantes do Impulso

Impulso

Além das mentorias in loco com grandes nomes do mercado, os participantes do Projeto Impulso fizeram pocket shows que impressionaram representantes do mercado, como grandes produtores e gestores de selos e festivais de música. Na terça, quem subiu ao palco da Casa UBC foi a banda Mulamba; na quarta, Romero Ferro; na quinta, fechando a série, a banda Canto Cego. 

LEIA MAIS: No site do Projeto Impulso, saiba mais sobre o dia a dia do projeto de mentoria e acompanhe a evolução dos três participantes ao longo de um ano de duração da iniciativa

OUÇA MAIS: Uma playlist com canções dos 30 primeiros colocados da seleção do Impulso

 


 


 

 



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