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Ponte Aérea: 5 nomes do rock português que você precisa ouvir
Publicado em 18/11/2021

Bandas e artistas cheios de personalidade e ótima música fecham a minissérie derivada do projeto Ponte Aérea aqui no site

Por Fabiane Pereira, de Lisboa

A esta altura, você que acompanha o site da UBC já sabe que Portugal vai muito além do fado (mesmo na sua vertente mais contemporânea e fusion). Como estamos mostrando há semanas, através do projeto Ponte Aérea: Portugal-Brasil, a enorme pluralidade de gêneros e sotaques (da Terrinha, do Brasil e dos países africanos lusófonos) passa por Lisboa, um forte centro de experimentação para talentos das novas cenas. Inclusive do rock, que, "destronado” pelo rap e outras vertentes do hip hop mundo afora na preferência dos públicos mais jovens, goza de boa saúde, obrigado, em terras lusas. 

A fase de ouro do gênero aqui começou com a Revolução dos Cravos, em 1974, que pôs fim a décadas de ditadura conservadora salazarista, e se estendeu pelos anos 80 e 90. Os lendários Rui Veloso, considerado o “Pai do Rock Português”, e a banda Xutos e Pontapés (Tim, guitarrista e baixista da banda, participou da websérie Ponte Aérea, do canal Papo de Música, ao lado de outro rockstar, o brasileiro Charles Gavin) foram nomes fundamentais da cena. E deram passagem a bandas como Clã, da vocalista Manuela Azevedo, e, após a virada do milênio, a grandes representantes do chamado "indie tuga", como Capitão Fausto, do vocalista Tomás Wallenstein, e Ovelha Negra, de Fred Ferreira.

O quarteto Catacombe: um som muito peculiar. Reprodução redes sociais

Agora, quem está no epicentro do talk of the town roqueiro português é o Moonspell. Quem conhece a música da Terrinha sabe que eles não são nada novatos; ao contrário, são quase tão lendários com os Xutos. O que acontece é que a banda foi redescoberta pelos millennials e, reinventada, ganhou vida nova, com turnê pelo país, novos projetos e um enorme hype em torno de si. O vocalista Fernando Ribeiro é um profundo conhecedor da literatura lusófona, e tal fato acabou aproximando a banda do escritor José Luís Peixoto (autor de “Morreste-me” e “Livro”), que embarcou em uma parceria artística muito interessante com o Moonspell. O resultado desse encontro foi o disco “The Antidote” e o livro “Antídoto”, que, embora sejam duas obras de artes distintas, têm muitos elos comuns.

Difícil de rotular, o quarteto Catacombe é dono de um estilo raro de se encontrar em Portugal. Pedro Sobast, Gil Cerqueira, Filipe Ferreira e Pedro Melo Alves fazem “pós-rock instrumental”. Oriundo do Vale de Cambra, cidade da região do Porto, no norte do país, conhecida por revelar diversas bandas instrumentais, eles ganharam notoriedade nacional com terceiro álbum, "QUIDAM". Nele, oscilam animicamente: ora explosivos, ora delicados.

A banda ficou cinco anos longe dos palcos, com cada integrante buscando as próprias experiências. O interessante é que, apesar do hiato, nunca deixaram de ensaiar e compor. Em 2019, lançaram o quarto disco e estavam prontos para rodar o país quando a pandemia suspendeu seus planos. Agora, estão prestes a voltar aos cenários com a nova turnê, com bastante buzz entre os fãs já mesmo antes do início das apresentações.

Os Azeitonas: personificação do "indie tuga". Reprodução redes sociais

Na linha “indie tuga”, chama bastante a atenção a banda Os Azeitonas. Inicialmente uma brincadeira entre amigos, hoje é uma das principais bandas da cena do rock independente no país. Miguel Araújo, um dos cantores e compositores mais bem-sucedidos da atual safra de músicos portugueses, foi um dos integrantes fundadores da banda, mas já não está entre eles. Os remanescentes são o trio Mário Marlon Brandão (vocalista), Luísa Nena Barbosa (vocalista) e João Salsa Salcedo (vocalista e teclado). Já são seis álbuns lançados, alguns singles de muito sucesso, como “Quem És Tu Miúda”“Tonto por Ti”, e duas nomeações para o prêmio Best Portuguese Act, do MTV Europe Music Awards. A banda é indie até os ossos, daquelas com integrantes de camisas floridas e bigodões, e tem letras de amor que soam como crônicas embaladas por rifes de guitarra.

Outro grupo interessante da cena indie rock é o Anaquim. Formado em Coimbra pelos músicos João Santiago, Luís Duarte, Pedro Ferreira, Filipe Ferreira e José Rebola (principal compositor do quinteto e mentor do projeto), tomou seu nome emprestado do personagem homônimo da saga “Star Wars”. Já com o disco de estreia, “As Vidas dos Outros”, lançado em 2010, eles conseguiram rodar o país e se apresentaram em palcos importantes. A consagração veio em 2012, com o álbum “Desnecessariamente Complicado”, que trouxe, pela primeira vez, influências explícitas do rock. Após esse disco, a banda passou a misturar rock com swing, country, cabaret e jazz, tornando-se uma das sonoridades contemporâneas mais interessantes de Portugal.

Para encerrar, um artista excepcional que faz do palco sua própria casa: Stereossauro. Sua carreira é marcada pela mistura entre a música eletrônica e todos os outros estilos possíveis. Mesmo. Durante a adolescência, conheceu o hip hop e a miríade de sonoridades ligadas ao movimento punk, até então seus gêneros preferidos. Nessa época, começou a brincar com a vitrola da avó e descobriu os discos de rock.

O Stereossauro. Divulgação/Mike Ghost

A partir daí, o jovem curioso foi se aperfeiçoando, fazendo beats e sampleando os discos que ouvia. Após se tornar um dos DJs mais conhecidos de Portugal, formou uma banda com músicos excepcionais, que mistura todos os gêneros, tendo o rock e a música eletrônica como bases. Ele é DJ, produtor, compositor e autor de um dos discos mais elogiados da música portuguesa em 2019, “Bairro da Ponte”. Deste disco participam CamanéAna MouraCapicuaGisela JoãoDino d’ Santiago e muitos outros artistas portugueses. Assistir a um show do Stereossauro é sair realizada e convencida de que todo dia é mesmo dia de rock, bebês.

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